segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Dólar baixo veio para ficar, segundo economistas

Ótima notícia para nós que iremos viajar... hehehe....

Dólar baixo veio para ficar, segundo economistas
Analistas acreditam em dólar abaixo de R$ 2 até 2013, diz pesquisa do BC. Isso favorece turismo e controle de preços, mas é ruim para exportadores.

Alexandro Martello Do G1, em Brasília
A notícia é boa para quem quer viajar ao exterior e para o controle da inflação, mas é ruim para os exportadores brasileiros de produtos manufaturados. De acordo com pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 80 instituições financeiras, o dólar baixo veio para ficar.

Os economistas preveem que a moeda norte-americana, que chegou aos R$ 2,50 no fim de 2008, por conta dos efeitos da crise financeira internacional na economia brasileira, ficará abaixo da cotação de R$ 2, pelo menos, até o final de 2013. Atualmente, o dólar oscila ao redor de R$ 1,72 por conta da forte entrada de divisas na economia brasileira.

Mesmo admitindo que a tarefa não é fácil, pois circula no mercado o ditado de que a previsão da taxa de câmbio acaba de tornando um "exercício de humildade" para os economistas, a pesquisa do BC mostra que eles acreditam que o dólar fechará este ano em R$ 1,70, subirá para R$ 1,75 no fim de 2010, para R$ 1,81 no fechamento de 2011 e para R$ 1,88 no fim de 2012. Para o fechamento de 2013, a expectativa do mercado é de que o dólar suba para R$ 1,92. O cenário é factível somente se não ocorrer nenhum novo "tsunami" nos mercados financeiros.

Reflexo do sucesso do país
Segundo Alessandra Ribeiro, economista da consultoria Tendências, o dólar está abaixo de R$ 2, principalmente, por conta da entrada de recursos no país para aplicações na bolsa de valores e devido ao ingresso de investimentos estrangeiros diretos na economia.

"O dólar baixo é reflexo do sucesso da economia, que conseguiu melhorar muito seus fundamentos", acrescentou. Segundo ela, o Brasil deve manter uma taxa de crescimento do PIB superior a 4% até 2019 - o que deverá atrair investimentos para o país.

A expectativa da analista é de que, por conta disso, o dólar fique abaixo de R$ 2 também até 2019. Alessandra Ribeiro lembrou que devem ingressar, ainda, recursos no país referentes à exploração do petróleo da camada pré-sal (águas profundas), para a Copa do Mundo e para os Jogos Olímpicos - além do ingresso para aplicações financeiras.

Apesar do IOF
A trajetória de queda esperada pelos analistas não foi alterada, nas últimas semanas, pelo estabelecimento da alíquota de Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) de 2% para aplicações em renda fixa e em bolsas de valores - anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

A agência de classificação de risco Moody's previu que o IOF terá efeito "marginal" e, na melhor das hipóteses, "transitório" para conter a entrada de dólares no Brasil.

O governo acena ainda com a possibilidade de permitir que as garantias de operações financeiras sejam depositadas lá fora, e que os fundos de pensão possam realizar mais aplicações no exterior. Mas, segundo a economista Alessandra Ribeiro, da Tendências, a medida não deverá ter impacto grande no mercado, pois é mais vantajoso aplicar os recursos dentro do país.

PERGUNTAS E REPOSTAS SOBRE O DÓLAR
POR QUE O DÓLAR CAI OU SOBE?
A cotação da moeda norte-americana é resultado da entrada e da saída de recursos no Brasil. O dólar cai quando há mais entrada do que retirada de recursos, e sobe quando a procura pela moeda dos Estados Unidos é maior do que a oferta - o que a torna mais cara. A cotação do dólar é influenciada pelas operações da balança comercial (entradas de divisas por conta das exportações e saída de recursos para o pagamento das importações) e pelas chamadas operações financeiras (investimentos estrangeiros no Brasil, aplicações e retiradas de recursos de aplicações financeiras, como bolsas de valores e renda fixa, e pela contratação de serviços, o que inclui as viagens de brasileiros ao exterior e de estrangeiros ao Brasil, entre outros).
QUEM GANHA E QUEM PERDE COM O DÓLAR BAIXO?
O dólar baixo favorece quem quer fazer viagens ao exterior, pois torna as passagens aéreas e, em alguns casos, os hotéis lá fora, mais baratos para os brasileiros. Como esses preços geralmente são cotados em dólares, os turistas precisam de menos reais para fazer a viagem. O dólar fraco também favorece as importações de bens de consumo do exterior, como bebidas alcóolicas e produtos alimentícios, e até carros - além de máquinas e equipamentos e dos insumos para a produção nacional. Por isso, também tem o efeito de inibir o crescimento da inflação. Entretanto, o dólar baixo é ruim para os exportadores brasileiros de produtos manufaturados. Como suas vendas também são feitas com base na cotação da moeda norte-americana, eles recebem menos pelos produtos.
A DEFINIÇÃO DO DÓLAR É TOTALMENTE LIVRE NO BRASIL?
O modelo adotado pelo Brasil é de "livre flutuação" da moeda norte-americana, ou seja, teoricamente sem intervenções por parte do governo federal. Entretanto, a flutuação da moeda não é tão livre assim. Desde 2004, o Banco Central tem comprado dólares para fortalecer as reservas internacionais, que atualmente já superam, por conta principalmente deste fator, os US$ 230 bilhões. Mesmo assim, o BC informa que busca comprar apenas a "sobra" do que entra no país, e diz ainda que, com essa estratégia, procura apenas "corrigir distorções" do mercado - mas sem o objetivo de buscar uma cotação predeterminada. Sem as compras feitas pelo BC, o dólar estaria mais baixo ainda. Entretanto, quando o BC compra dólares, ele é obrigado a colocar títulos públicos no mercado, o que aumenta, e encarece, a dívida pública. As intervenções do BC não têm impedido, nos últimos anos, a queda do dólar, ou a sua subida durante o período de crise financeira nos últimos meses.

Controle da inflação
Uma consequência positiva do dólar baixo é o seu impacto na inflação, impedindo uma subida maior dos preços com a concorrência dos produtos importados, ou pelo fato de os insumos de outros países se tornarem mais baratos. Com isso, o Banco Central poderá ter de subir menos, ou baixar mais, os juros no futuro. Atualmente, a taxa de juros básica está em 8,75% ao ano.

Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, o dólar baixo ajuda o Banco Central no processo de controle dos preços. "Isso ajuda o BC a manter os juros mais estáveis, porque o dólar baixo contribui para manter a competitividade dos produtos importados. Então, os semelhantes de produção nacional vão ter pouco espaço para subir preços", explicou ele.

Viagens ao exterior
Reportagem feita pelo G1 no início deste mês mostra que, após um primeiro semestre ruim por causa da crise financeira e da nova gripe, a previsão é de alta nas vendas de viagens internacionais neste fim de ano, com pacotes em média 15% mais baratos do que no fim do ano passado, segundo a Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav).

Dados do próprio BC já mostram um início de recuperação das viagens ao exterior, após um período de queda por conta da crise financeira. Os gastos de turistas brasileiros no exterior voltaram a subir em setembro deste ano, atingindo o valor de US$ 1,05 bilhão - o maior valor em um ano.

Exportações
Se por um lado ganham os turistas internacionais, por outro perdem os exportadores brasileiros de produtos manufaturados. Isso porque o real forte dificulta as vendas ao exterior, ao mesmo tempo em que barateia as compras de produtos realizadas lá fora.

Dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que as importações já subiram nos últimos meses, por conta do reaquecimento da economia, da proximidade do Natal e, também, do dólar barato.

O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, pintou um quadro pessimista para os exportadores de produtos manufaturados nos próximos anos caso esse cenário de dólar baixo se confirme. Segundo ele, o governo poderia atuar em alguns pontos para aumentar a competitividade brasileira, como nos portos, na melhoria da carga tributária e na redução da burocracia.

Entretanto, afirmou que não vê perspectiva de melhora desses gargalos no curto prazo. "O governo investe em projetos que dão votos. Não investe no que não dá voto. A redução da burocracia, também não vai ser agora. As empresas exportadoras de manufaturados vão ter muitos problemas [caso o dólar continue baixo] e perder mercado no exterior", disse ele.

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL1366412-9356,00-DOLAR+BAIXO+VEIO+PARA+FICAR+SEGUNDO+ECONOMISTAS.html

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